(Algumas partes editadas por Alexandre Firme)
O que é o joanete?
O joanete, que cientificamente é chamado de hálux valgo, é a patologia mais comum do pé do adulto. Diferente do que muita gente pensa, o joanete não é um osso que cresceu ou que surgiu, mas um desvio do primeiro metatarsiano e das falanges (osso do dedão) que se expressa como uma saliência na região de dentro do pé.
Quais são as causas do joanete?
Dois fatores principais estão nitidamente associados ao desenvolvimento do joanete: a história familiar da patologia, ou seja, ter alguém na família com a deformidade e o uso de calçados inadequados, sobretudo salto alto e bico fino.
O joanete é muito comum?
É estimado que 33 % da população urbana tenha algum grau da deformidade. A incidência da deformidade é muito menor (em torno de 2%) entre indivíduos que não têm o hábito de usar calçado fechado, como os índios.
Como é atualmente a cirurgia para correção do joanete?
A cirurgia para correção do joanete sofreu várias inovações nos últimos anos. As técnicas mais modernas, além de serem muito mais eficazes, dispensam o uso de gesso o que facilita a reabilitação pós-operatória. De qualquer maneira, o procedimento exige alguns cuidados e o uso de calçado fechado só é permitido após 40 dias de cirurgia. Neste intervalo o paciente deambula com um calçado apropriado que proporciona o apoio somente no calcanhar.
Que anestesia é utilizada pra cirurgia do joanete?
O procedimento é realizado sob sedação e um bloqueio realizado na região do pé e do tornozelo, dispensando assim, o uso de anestesia geral ou na coluna. Este tipo de anestesia além de minimizar as complicações, promove uma analgesia muito mais prolongada no período pós-operatório.
Qual é a cirurgia mais indicada para correção do joanete?
São conhecidas mais de 100 técnicas cirúrgicas para a correção do joanete. Cada paciente, ou melhor cada pé, deve ser avaliado individualmente e o procedimento mais adequado deve ser indicado baseado no grau da deformidade e na idade do paciente, entre outros fatores.
Pode acontecer de a cirurgia não ter sucesso?
As chances de insucesso no tratamento do joanete são muito pequenas, desde que a cirurgia seja corretamente indicada, não hajam complicações e as recomendações sejam estritamente seguidas pelo paciente.
Que cuidados eu devo ter após a cirurgia?
A maioria dos pacientes submetidos à correção do joanete pelas técnicas atuais desfrutam dos avanços da cirurgia moderna dispensando o uso de gesso e estando liberados para caminhar (com moderação) no dia seguinte à cirurgia. Porém alguns cuidados são fundamentais:
1. Não deixe de seguir estritamente as recomendações do seu médico.
3. Esforços exagerados no período pós-operatório, incluindo caminhadas desnecessárias, podem colocar em risco o resultado da cirurgia pela perda da correção obtida trans-operatoriamente.
4. Não deixe de realizar todas as consultas pós-operatórias. Habitualmente você deve ver seu médico mensalmente até o sexto mês pós-operatório para assegurar uma reabilitação adequada.
Tratamentos Recomendados:
Tratamento conservador:
O tratamento conservador deve ser a primeira alternativa, principalmente no caso de corredores, já que a cirurgia de correção do hálux valgo tem como principal conseqüência a rigidez ou diminuição do movimento da articulação metatarsofalangeana. Conseqüência essa que pode prejudicar o rendimento do corredor e principalmente alterar a pisada, formando um mecanismo compensador que pode levar a outros problemas ortopédicos.
O tratamento do hálux valgo deve focar não apenas a deformidade do dedão, mas também as alterações biomecânicas que, associadas, podem causar essa deformidade.
O tratamento inicial tem como objetivo diminuir a dor e a inflamação. Para atingir esses objetivos a fisioterapia pode fazer uso da aplicação do ultra-som, gelo e mobilização articular do hálux. A utilização de medicação antiinflamatória auxilia o tratamento fisioterápico e deve ser prescrita por um especialista (ortopedista). É de extrema importância que as atividades atléticas sejam modificadas para reduzir o stress causado no joanete. Deve-se evitar corrida em terrenos irregulares (principalmente com subidas), treinos de tiro e atividades que envolvam chutes (futebol e lutas marciais) ou posturas ajoelhadas. As atividades mais indicadas para essa fase são: ciclismo, natação, remo e deep running (corrida dentro da água com uso de flutuadores).
Com a redução da dor o fisioterapeuta deve focar na restauração da mecânica normal da marcha, o que envolve equilíbrio muscular e adequado alinhamento das articulações do membro inferior. Assim que o atleta referir melhora da dor, devem ser iniciados o relaxamento e alongamento dos músculos e tendões da perna e pé que se apresentam encurtados, para que se evite qualquer limitação do movimento nestas regiões.
Os principais músculos a serem alongados são: os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo) e o músculo que dobra o dedão (flexor longo do hálux). O alongamento do músculo do dedão deve ser realizado e instruído pelo fisioterapeuta, que ao aplicar suave tração na articulação buscará primeiramente o alinhamento da articulação, já que deformidade deve ser corrigida manualmente antes da aplicação de força na direção que se deseja alongar. O fisioterapeuta deve ensinar e treinar o atleta para que este repita o alongamento três a quatro vezes ao dia.
Simultaneamente com os exercícios de alongamento deve ser iniciado um programa de fortalecimento para a musculatura intrínseca do pé e músculos da perna. Os músculos mais importantes a serem fortalecidos são: músculos abdutores e rotadores externos do quadril, tibial posterior (este músculo ajuda no suporte do arco do pé, controlando a pronação) e os músculos da sola do pé.
A progressão do número de repetição e resistência indicada para cada exercício depende da força inicial de cada músculo e da presença de dor um dia após os exercícios. Portanto, deve ser definida pelo fisioterapeuta que está guiando o seu tratamento.
O programa de fisioterapia dura em média duas a cinco semanas. Ao retornar à corrida o atleta deve manter os exercícios de alongamento e fortalecimento duas a três vezes por semana.
Cirurgia:
Alguns corredores po dem não obter sucesso com o tratamento conservador, principalmente nos casos em que a alteração da articulação é mais acentuada. Para estes casos a cirurgia pode ser uma boa opção, já que atualmente a correção do alinhamento do dedão é menos agressiva, permitindo uma recuperação mais rápida e com menos seqüelas.
Abaixo, algumas imagens:
Fontes:
http://www.clinicadope.net/detalhe_texto.php?id_foto=105